O grito

De um planeta do fundo de uma galáxia
De um continente do canto de um rebento
De um país da periferia do sistema
De um estado dentre tantos
De um município dormitório
De um bairro cidade
De uma rua com nome de escritor
De uma casa de portões azuis
Do meu quarto, aquele do canto
Ouço do fundo do meu corpo
Um grito marginalizado de desespero
Ouço! Não escuto e nem vejo
Apenas ouço com a ajuda da madruga
No silêncio do quarto escuro
Expelido dos pulmões o ar
Ressoa o grito através das cordas vocais
Passa por meus músculos, espalha-se no ar
Nas paredes do quarto o grito reverbera
Como se estivesse preso em uma caixa
Caixa torácica, caixa craniana
Sai pela janela, que é uma dentre milhões
O grito que ninguém sabe de quem é
Se soubessem o que saberiam?
Se dispensar pela via láctea
Aí de longe podes ouvir?

- Romlav
O grito

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